24/04/2013

Primeira geração de cabo-verdianos no Luxemburgo vai ser homenageada


Arminda Monteiro e Manuel Neves (dta.) são alguns dos homenageados
no jantar organizado pela comissão representada por Nelson Brito (esq.)
A primeira geração de cabo-verdianos a chegar ao Luxemburgo vai ser homenageada, num jantar de gala a 10 de Maio. Autoridades locais de Cabo Verde e luxemburguesas vão fazer-se representar naquele que será um evento de reconhecimento aos primeiros emigrantes a abrir as portas do Grão-Ducado à comunidade cabo-verdiana.

"É uma homenagem de toda a comunidade cabo-verdiana e de várias associações às pessoas que fizeram com que hoje ainda tenhamos uma boa imagem no Luxemburgo. E se hoje temos uma grande cooperação com o Luxemburgo é graças a eles", explicou o representante da comissão organizadora, Nelson Brito. 

A título simbólico foram escolhidas cinco pessoas das mais antigas desta comunidade, curiosamente todas da zona de Chã de Pedra, no concelho de Ribeira Grande (ilha de Santo Antão).

Arminda Monteiro é uma delas. Deixou Cabo Verde em 1965, um ano depois do marido. Pelo caminho parou ainda uma semana em Portugal e em Fevereiro do mesmo ano chegou ao Luxemburgo. Diz que no início quase não havia cabo-verdianos e que a língua era o maior problema. Por isso, no trabalho tinha de "ver e copiar".

"Cheguei junto com a Virgínia Monteiro e nesse tempo só havia quatro cabo-verdianos no Luxemburgo. O país estava a crescer e a imigração também, mas a crise ainda não existia (risos), por isso não foi difícil arranjar trabalho. O difícil mesmo era a língua e a adaptação teve de ser 'ver e copiar' os luxemburgueses. Foi um bom país para os cabo-verdianos" conta a já quase septuagenária.

Hoje na reforma, Arminda Monteiro, ainda está reticente num regresso à terra natal. Afinal, a família está praticamente toda por cá e em Santo Antão só lhe resta uma irmã.

Se oficialmente os primeiros cabo-verdianos chegaram ao Luxemburgo na década de 60, oficiosamente, hoje são "entre 12 a 15 mil residentes no Grão-Ducado, a maioria de Santo Antão", diz o conterrâneo Nelson Brito.

Manuel Neves nascido também na mesma ilha, e outro dos homenageados, teve conhecimento do Luxemburgo através de familiares nos Estados Unidos, na altura em que a Grã-Duquesa Charlotte estava exilada naquele país.

"No tempo da Segunda Guerra, a Grã-Duquesa esteve exilada na América e o meu padrinho Teodoro Monteiro conheceu-a por lá e a outros luxemburgueses. Foi através desses contactos entre cabo-verdianos e luxemburgueses que tive conhecimento do país e que decidi vir para aqui em 1964", conta o santantonense, apontado por alguns como o primeiro cabo-verdiano a chegar ao Luxemburgo.

Os irmãos Manuel e Lúcia Neves, Arminda Monteiro, Virgínia Monteiro e Avigília Monteiro são os cinco nomes escolhidos para o jantar de homenagem, aberta à comunidade, e que vai ter lugar no hotel Parc Belle-Vue (7, rue Marie Thérèse), na cidade do Luxemburgo.

Mas para os que não vão poder estar presentes, há outra forma de homenagear a primeira geração. "Outra forma de prestar homenagem é fazer o que a primeira geração não podia fazer na altura. Hoje os desafios são outros e não podemos ser só operários. Podemos ser engenheiros, médicos, mecânicos, ou outra coisa qualquer. Já a primeira geração, até podia querer ser isso tudo, mas não podia. Eles criaram-nos as condições e nós temos de aproveitar e dar seguimento à afirmação da comunidade", desafia Nelson Brito.

Além do jantar, no sábado dia 11, está agendado um torneio internacional de futebol (com equipas provenientes de Cabo Verde, Portugal, França, Holanda e Luxemburgo), no estádio Union, em Bonnevoie, a partir das 10h. A noite musical, no Centro Cultural de Walfedange, vai ser animada pelo grupo santantonense Eclipse e alguns DJ's locais.

Já no domingo, o parque Kockelscheier vai ser palco, a partir das 12h, de exposições de pintura e fotografia, música, dança tradicional e teatro.

Mais informações e reservas através dos telefones 621850722, 691566347 ou 621370519.
Henrique de Burgo

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