22/11/2011

Cabo Verde distingue Adriano Moreira


A Universidade do Mindelo vai distinguir Adriano Moreira com o grau de Doutor Honoris Causa dia 10 de Dezembro no Centro Cultural do Mindelo, Cabo Verde.

O professor universitário português revela que se sente honrado com a escolha da instituição. «Sempre mantive o maior interesse por Cabo Verde, visitei todas as ilhas, guardo amigos que muito estimo, participei em iniciativas conhecidas a favor dos interesses do país. Sinto-me honrado por cabo-verdianos académicos me quererem no seu grémio de investigação e ensino”, afirma.

Adriano Moreira tem uma ligação «especial» à Universidade do Mindelo. Trata-se de algo que «resulta do conhecimento que aprofundei dos seus responsáveis e de alguns pareceres de experiência que trocamos», explica. Para além de ainda ensinar e fazer investigação na Universidade Católica de Lisboa e no Instituto de Estudos Superiores Militares, actualmente o octogenário preside o Instituto de Altos Estudos da Academia das Ciências de Lisboa e o Conselho Geral da Universidade Técnica de Lisboa. A 7.ª Edição da «Teoria das Relações Internacionais», uma das suas várias obras, foi publicada há cerca de quinze dias.

Para Albertino Graça a atribuição do 1º título Honoris Causa Cabo-verdiano «representa, desde logo, o sinal da maturidade da Academia em Cabo Verde». O reitor da Universidade do Mindelo explica que depois de uma fase de arranque, em que se poderia falar de infância do ensino universitário cabo-verdiano, iniciou-se agora uma fase de crescimento e de maturidade. «Estamos como que a deixar a adolescência do ensino universitário para entrar na sua idade adulta, que certamente se prolongará por muito tempo», afirma.

Em concreto para a Universidade do Mindelo, o responsável diz que a atribuição do 1º título Honoris Causa significa a capacidade de «reconhecer a grandeza dos outros, daqueles que se destacaram por incontestável mérito próprio». Mas também traduz o «reconhecimento da Universidade por parte daqueles que aceitaram participar nesta distinção». Trata-se de um «momento alto no processo de afirmação e de prestígio internacional da Universidade do Mindelo, designadamente no espaço lusófono», sublinha.

Adriano Moreira foi escolhido para receber a distinção «pelo seu próprio mérito ao cume do prestígio científico, em diversos países, particularmente nos países de língua portuguesa», refere Albertino Graça. Para o reitor, este investigador é um dos «sábios de Portugal, unanimemente reconhecido por pessoas de todas as cores políticas». Mais: «É um autor consagrado, intensivamente estudado pelos alunos de dois cursos diferentes na própria Universidade do Mindelo e em muitas outras universidades».
E também «um humanista e um democrata».

O responsável sublinha que foi por iniciativa de Adriano Moreira que foi abolido o Estatuto do Indigenato. «Como explico numa obra a publicar brevemente, foi por sua iniciativa que nos anos 60 foram criadas as duas primeiras universidades na África lusófona», diz.

Adriano Moreira é um «amigo sempre próximo» de Cabo Verde, a «personalidade europeia mais influente que desde há muito tem defendido consistentemente o alargamento da União Europeia ao nosso país», afirma Albertino Graça.

Para além de todas estas razões, o reitor da Universidade do Mindelo tem ainda uma outra: «Na sua infância, ainda enquanto IESIG, a hoje Universidade do Mindelo foi visitada pelo Senhor Professor Doutor Adriano Moreira, em cerimónia pública onde o agora homenageado, sem nada pedir em troca, aceitou associar o enorme prestígio da sua autoridade académica e científica a uma iniciativa académica. Ao fazê-lo emprestou um pouco do seu prestígio a uma instituição de ensino superior ainda a dar os primeiros passos, revelando assim confiar na respectiva afirmação como universidade e como centro de ensino, investigação e cultura superior».

Sobre o homenageado

Adriano Moreira nasceu em 1922 em Portugal. Jurista, político e professor universitário, desde cedo assumiu cargos públicos, tendo sido figura destacada do Estado Novo no âmbito da política colonial. Foi ministro do Ultramar, fundou e dirigiu institutos de estudos africanos, presidiu à Sociedade de Geografia de Lisboa, entre outros cargos. Depois do 25 de Abril de 1974, tornou-se uma das personalidades de referência do Centro Democrático Social. Escreveu várias obras, entre as quais «O Novíssimo Príncipe», «Comunidades dos Países de Língua Portuguesa» e «Saneamento Nacional». Em 1995 retirou-se da vida política e desde essa altura continua a dedicar-se ao ensino, à investigação e a escrever sobre a conjuntura portuguesa, política, Relações Internacionais e Direito.        

Fonte: Notícias Lusófonas

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