05/10/2011

Cabo-verdianos ainda pouco motivados para as comunais

Em 2005, a lei eleitoral permitia o voto aos cabo-verdianos nas comunais, mas não a candidatura, algo que a nova lei de 2011 reverteu, passando a haver também o direito à candidatura.

Saber quantos candidatos de origem cabo-verdiana se apresentam às eleições do próximo dia nove é uma tarefa difícil, dado que as entidades competentes não disponibilizam dados quantificadores referentes a candidatos de origem estrangeira.

Ainda assim conseguimos apurar uma lista de nove candidatos de origem cabo-verdiana: Edna Semedo (Os Verdes - Betzdorf), Carlo Lima (CSV - Ettelbruck), Anabela Neves (LSAP - Luxembourg-Ville), Maria Gomes Ganeto (LSAP - Esch/Alzette), André Bernardo (Os Verdes - Remich), Manuel Brito Delgado (CSV, Diekirch), Alex Semedo (DP, Esch/Alzette), Filomena Delgado (DP, Ettelbruck), António Santos Moreno (ADR, Mondercange).

Comparando com as últimas eleições, de 2005, em que “houve apenas um candidato de origem cabo-verdiana às comunais (CSV - Ettelbruck)”, segundo o presidente da Federação das Associações Cabo-verdianas no Luxemburgo, João da Luz, este aumento (ainda que residual, tendo em conta o universo dos candidatos: 3.321), pode ser já um sinal de uma maior participação cabo-verdiana na política luxemburguesa.

Quanto ao número de eleitores, os cabo-verdianos apresentam uma das mais notáveis subidas entre as comunidades estrangeiras, em relação a 2005, com 118%, registando-se 115 inscrições nas últimas eleições, ao passo que este ano foram apuradas 251, revela o Centro de Estudos e Formação Intercultural e Social (CEFIS). Para este aumento poderá ter contribuído o papel mobilizador da Embaixada de Cabo Verde no Luxemburgo, esta que foi "a primeira Embaixada no Grão-Ducado a realizar um acto de sensibilização à comunidade sobre a importância da participação política dos estrangeiros nestas comunais", refere a Encarregada de Negócios da mesma, Clara Delgado.

Mas face ao potencial, estes números continuam a ser baixos, pois “as pessoas não estão tão interessadas e o aumento dos candidatos, por exemplo, explica-se sobretudo pela mudança da lei”, acrescenta. O empenho das autoridades na mudança da mentalidade da comunidade em torno desta problemática é notório.

Recentemente, a visita da ministra das comunidades de Cabo Verde, Fernanda Fernandes, trouxe também essa preocupação, e os incessantes apelos do programa Morabeza da Rádio Latina ou ainda o trabalho dos núcleos partidários cabo-verdianos do MpD e PAICV e de algumas associações encontram algumas dificuldades em demover a letargia instalada.

No Luxemburgo, a participação política cabo-verdiana faz-se notar sobretudo nas eleições legislativas e presidenciais de Cabo Verde, registadas nas mesas de voto da embaixada, Ettelbruck e Esch, pois “as pessoas seguem com mais interesse as eleições cabo-verdianas do que as comunais”, reconhece o dirigente associativo, João da Luz. 251 cabo-verdianos inscritos nas comunais a contrastar com os 952 inscritos na Embaixada que votam nas eleições cabo-verdianas.

Se a cooperação bilateral Luxemburgo-Cabo Verde tem funcionado, pelo menos visivelmente do lado cabo-verdiano, já quando se fala da cooperação no domínio da “participação política dos estrangeiros no Luxemburgo”, parece que esta comunidade se sente mesmo estrangeira ou... estará à espera de alguma contrapartida que faça despertar nela esse enorme potencial.

HB

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